Receita de Equipe - Parte 2

Na prática, fiz quase tudo errado. Acabei aplicando, sem querer, muito do que os manuais de liderança abominavam: chorei na frente da equipe, demonstrei minhas fraquezas, pedi ajuda para eles, disse “não sei” muitas vezes e nunca prometi coisas que sabia que não poderia cumprir. Errei algumas vezes. Peguei no batente junto, sempre. Incentivei, acreditei e amei cada colega de trabalho que conviveu comigo ao longo de seis anos na Editora Quantum. Cada um deles tem um lugar conquistado no meu coração!

Vivi intensamente cada momento: a formatura da Cica e da Karen, a abertura da empresa do Ander, a primeira matéria do Clê, a apresentação do Brasa, a volta do Rodrigo, a contratação do João, o vestibular da Jú, a “sobrevivência” da Taninha, as conquistas da Bru, as entradas e saídas do Gegê, a entrevista internacional da Nah, as descobertas do Mate, a superação do Marcão, o primeiro texto da Cris, a liderança da Bru, a primeira capa do Hiro, a news da Sarinha, a estréia da Lari, e a contratação da Joice, da Paula e da Fernanda. E, quem diria? Vibrei muito também com os elogios do Raúl e com o desenvolvimento da Sil. Estava lá, no primeiro curso dela. Estarei na primeira palestra também. E quero sempre estar na platéia de cada um desses seres especialmente maravilhosos que compartilharam o meu dia-a-dia nestes seis anos juntos. Cada um deles me fez melhor de alguma forma, me ensinou algo que levarei comigo por toda a vida, por toda a minha história.

Hoje não é Dia de Reis. Mas estou partindo, não porque desisti da jornada, mas porque é hora de começar um novo ciclo. Finalmente aprendi, entre outras coisas, que preciso andar devagar, porque já tive muita pressa. Sei que ficarão em paz, todos são profissionais altamente qualificados, preparados para o mercado. Que orgulho que eu tenho, que equipe linda. se pudesse, coroaria cada um, tal como os Reis Magos.

Diz a história que os Reis Magos foram homens que, guiados por uma estrela conseguiram visitar Jesus logo após seu nascimento. Reconhecidos como Baltasar, rei da Arábia de cor negra, Melchior, rei da Pérsia de cor clara e Gaspar, rei da Índia de cor amarela, representam os povos de toda cor e nação. Acho que a diversidade da equipe pode assim ser representada: cada um com uma luz própria, com uma estrela de muito brilho.

No século XIX, os reis magos se tornaram distribuidores de presentes às crianças. E, assim como os três reis, “meus passarinhos” me presentearam com um tesouro. Fizeram minha criança interior sorrir e meu corpo chorar por longas horas de emoção. Quando abri a caixa, encontrei muito mais do que ouro, incenso, mirra ou bombons. Encontrei os valores de cada um expressos por meio de cartas escritas de próprio punho com palavras carinhosas de despedida e reconhecimento. Nunca poderia sonhar com algo tão especial, de tanto valor para mim.

Dizer muito obrigado é tão pequeno diante da grandeza da atitude... prefiro afirmar, de coração que faria tudo de volta, e que todos serão inesquecíveis, e que poderão, sempre, contar comigo, independente da situação!

Não sei se vou deixar um legado, mas penso que cumpri o meu papel. Do meu jeito, é verdade, mas sempre querendo o melhor e dando o melhor de mim para cada um. Consolidamos muitos valores juntos. Fui muito mais colega do que líder, tenho certeza disso. Queria ter feito mais... mas fiz o que pude ... e sei que consegui formar um time de pessoas que sabe o valor que as pessoas têm. Isso não tem preço!

Se algum dia alguém me perguntar qual a receita para selecionar pessoas e montar uma equipe especial, tenho certeza absoluta que o meu conselho será: procure alguém com o coração do Brasa, a fé da Jú, a espontaneidade do Mate, a pureza da Nah, a determinação do Clê, a esperança da Cris, a firmeza da Sil, a força de vontade da Karen, a curiosidade da Lari, a persistência do Marco, a resiliência do Ander, a simpatia da Fernanda, a franqueza do Raúl, o silêncio da Paula, a paciência da Joice, o equilíbrio do Hiro, a delicadeza da Bru, a alegria da Sara, a serenidade da Taninha e a gana da Cica. Coloque uma pitada de emoção, e deixe acontecer... depois só colha os frutos e peça uma salva de palmas. Alguém tem alguma dúvida?